Abolição da escravidão no Brasil

O Brasil utilizou-se do trabalho escravo desde o início da sua colonização e foi o último país a abolir o regime escravocrata. Isso só aconteceu no século XIX, após o imperador D. Pedro II não resistir mais à pressão da Inglaterra, de outros países europeus e da sociedade brasileira da época para libertar os negros.

A abolição da escravatura demorou quase quatro séculos para chegar e ainda assim veio aos poucos. Primeiro, foi com as pressões internacionais, lideradas principalmente pela Inglaterra que exigia o fim do tráfico negreiro. Os negros eram trazidos da África e vendidos como mercadoria no Brasil após aportarem no Rio de Janeiro, em Salvador, em Recife e no Maranhão.

O governo imperial relutava em extinguir o tráfico, firmando acordos, porém descumprindo-os, porque sabia que se os aceitasse atingiria interesses econômicos da elite agrária e escravocrata brasileira. Essa elite, além de usufruir do tráfico internacional, também se valia do contrabando interno, recebendo no Sudeste uma imensa quantidade de negros vindos do Nordeste.

Além das pressões internacionais, D. Pedro II também teve que lidar com as reivindicações internas, vindas de profissionais liberais, de intelectuais e indiretamente de cafeicultores do Oeste Paulista que, por conta própria, em determinada época, passaram a não utilizar mais a mão de obra escrava em suas lavouras.

Em 1850, mais um empecilho surge para os escravocratas, e ele veio em forma da promulgação da Lei Eusébio de Queirós, que decidia pelo fim do tráfico. A medida não aboliu a escravidão, mas dificultou sua continuidade.

Em 28 de setembro de 1871, 21 anos após a promulgação da Lei Eusébio de Queirós, que decretava o fim do tráfico, foi criada a Lei do Ventre Livre, considerada a primeira lei abolicionista.

Essa medida libertou os filhos de escravos nascidos a partir daquela data, mas, apesar disso, ela determinava que até os 21 anos esses filhos de escravos ficavam sob o controle de seus senhores.

Em 1880, a luta contra a escravidão acentuou-se: multiplicaram-se os grupos e os clubes que exigiam o fim da escravidão; a imprensa também denunciava a situação, e os partidos políticos contrários ao regime escravocrata reivindicavam a liberdade para os negros; os movimentos chegavam à arrecadação de dinheiro para libertar os escravos; as fugas não eram um fato raro, impondo receio a muitos fazendeiros que, para evitar mais conflitos, chegavam a alforriar seus escravos, não sem antes castigá-los cruelmente.

Em 1884, as províncias do Amazonas e do Ceará libertaram seus escravos. Um ano depois, promulgou-se a Lei dos Sexagenários (ou Lei Saraiva-Cotegipe), que dava liberdade aos negros com mais de 60 anos. Nesse clima de instabilidade, a escravidão foi oficialmente abolida pela Princesa Isabel, em 13 de maio de 1888; aproveitando-se de uma viagem do imperador, ela assinou a Lei Áurea.

Enganam-se os que pensam que assim ficava tudo resolvido. Mesmo libertos, os negros continuaram lutando, porém, agora, com novas formas de opressão.