O folclore

No dia 22 de agosto de 1846, em Londres, o arqueólogo William John Thoms publicou um texto que levava o título de Folk-lore. Nele, Thoms propunha o estudo das lendas, tradições e manifestações artísticas populares, ao que chamou de Folk-lore que, na língua inglesa, significa "povo" (folk) e "sabedoria" (lore) ou “sabedoria do povo”.

Entretanto, a sugestão do arqueólogo só foi aceita mundialmente em 1878 e, no Brasil, incorporada em 1965. A palavra, porém, foi adaptada para o português, passando a ser escrita sem a letra k e sem o hífen, isto é, folclore.

Fazem parte do folclore crenças, lendas, tradições, danças, mitos e costumes de um povo. O folclore é algo de grande importância para um país porque, por meio dele, mantém-se a identidade cultural, passada e vivenciada de geração a geração.

O folclore pode ser transmitido de várias formas: oral, escrita ou encenada, ou seja, contando ou escrevendo histórias, dançando, cantando ou representando. Todos os povos têm suas manifestações folclóricas e o respeito a elas significa preservá-las para que não desapareçam do imaginário popular.

O Brasil é riquíssimo nesse assunto, já que é formado por grupos étnicos diversificados. Por isso mesmo, cada Estado apresenta diferentes manifestações culturais.

Vamos conhecer alguns representantes folclóricos bem afamados em nosso país:

  • Lobisomem: trata-se de um homem que, em sexta-feira de Lua cheia, transforma-se em lobo (metade lobo, metade homem), uiva e corre em busca de uma vítima, e só volta à sua forma original antes de amanhecer. A lenda do lobisomem não é exclusiva do folclore brasileiro, ela existe também no imaginário popular europeu.
  • Mula sem Cabeça: segundo a crença, torna-se Mula sem Cabeça a mulher que namorar um padre. No lugar da cabeça, essa fera lança fogo pelo pescoço, relincha alto e geme como gente. Para não ser pega no momento em que a mula estiver passando, a pessoa deve deitar-se de bruços e esconder unhas e dentes.
  • Saci-Pererê: é um menino negro que tem uma perna só. Ele fuma um cachimbo de barro e usa um pequeno capuz vermelho (carapuça), de onde vem seu poder. O saci vive nas matas e diverte-se assustando animais e pessoas ou dando sumiço em objetos.
  • Vitória-Régia: conta a lenda que certa vez, em uma tribo da Amazônia, uma índia foi transformada em uma flor aquática pela Lua. A índia chamava-se Naiá e a Lua era considerada uma deusa, que tinha o poder de transformar jovens meninas da tribo em estrelas. Naiá queria muito ser escolhida. Um dia, viu o reflexo da Lua em um lago e mergulhou, na tentativa de alcançá-la, mas afogou-se. A Lua teve piedade de Naiá e a transformou em uma flor, que ficou conhecida como Vitória-Régia.
  • Boto Rosa: conta-se que os botos do rio Amazonas transformam-se em homens para conquistar as moças que moram próximas ao rio. Depois de conquistadas, eles desaparecem e elas nunca mais os veem.
  • Iara: metade mulher, metade peixe, Iara é uma sereia que encanta os homens com uma canção. Ela os atrai para o mar ou rio para afogá-los.

Você sabia?

Ditados populares e superstições também fazem parte das manifestações folclóricas. Quem já não ouviu o ditado “Falar é prata e calar é ouro”? Ou não soube da crença de que se alguém passar debaixo de uma escada terá azar? Pois é, tudo isso vem da criação da mente do povo e enquadra-se, por isso, no folclore.